• 23 novembro

    Brasil deveria aumentar impostos sobre bebidas açucaradas para combater a obesidade?

    Um copo de refrigerante ou de suco artificial é mais prejudicial à saúde que um cupcake, ao ponto de merecer ser alvo de mais impostos na luta contra a obesidade?

    Para a população de algumas cidades americanas, a resposta é sim. Em referendos na última eleição, eles aprovaram a criação de um imposto sobre bebidas açucaradas, como refrigerantes e sucos artificiais.

    Isso porque, diferentemente de bolinhos de chocolate vistosos, essas bebidas não são automaticamente vistas como uma ameaça à saúde.

    Ou seja, quando uma pessoa come bolo ou bombons, ela costuma ter a consciência de que está ingerindo algo que pode ser prejudicial, o que geralmente não ocorre com uma caixinha de suco de pêssego ou uma bebida à base de café com caramelo ou outras misturas açucaradas.

    Em San Francisco, Oakland, Albany (Califórnia) e Boulder (Colorado), haverá um aumento de até 20% no preço de diversos tipos dessas bebidas doces - apontadas como um dos principais vilões para os altos índices de obesidade, especialmente em crianças e jovens.

    A criação do imposto está alinhada com a Organização Mundial da Saúde (OMS), que tem promovido uma verdadeira cruzada contra essas bebidas e recomendou, no mês passado, que os países criem impostos sobre elas.

    Segundo a organização, um aumento de 20% no preço já resulta em reduções no consumo desses produtos e, consequentemente, de problemas como sobrepeso, obesidade, diabetes tipo 2 e cáries.

    No entanto, para a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não-alcoólicas (Abir), que reúne as principais marcas de refrigerante e sucos artificiais no país, esse tipo de imposto não traz resultados reais e fere a liberdade individual do consumidor.

    Resistência no Brasil

    Essa taxação já foi aprovada ou está em vigor em países como Reino Unido, México, Dinamarca e Hungria.

    No Brasil, porém, a discussão sobre essa taxa em refrigerantes e outras bebidas açucaradas inexiste no governo e enfrenta a resistência das associações do setor.

    A agência de saúde da ONU afirmou à reportagem que vem trabalhando com o governo brasileiro.

    "Temos compartilhado com o Brasil algumas experiências bem-sucedidas de outros países, para que juntos possamos ver quais se adequam melhor à realidade local", disse a coordenadora da Unidade de Família, Gênero e Curso de Vida da OPAS/OMS no país, Haydee Padilla.

    Questionado pela BBC Brasil, o Ministério da Saúde disse entender que "o consumo excessivo de açúcar é fator de risco ao desenvolvimento da obesidade", mas não detalhou nenhuma discussão sobre taxas em bebidas, como recomenda a OMS, afirmando apenas que "a criação de novos impostos é de responsabilidade da área econômica do governo, mais especificamente do Ministério da Fazenda".

    Procurados, Ministério da Fazenda e Receita Federal informaram que a iniciativa de se criar impostos não parte deles.

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